Vivemos um momento de duelo. Depois de 11 anos de convivência, repleta de amor e carinho, nossa gata nos deixou. Enfrentar a perda de um animal tão querido não é nada fácil. Ter que explicar a nossa filha que Leirinha não estaria mais conosco não foi algo fácil. Mesmo tendo 18 meses, Laura buscava nossa gata pela casa. Sempre que ouve o nome da Leirinha, diz “miau”. Convido vocês a lerem o modo carinhoso como ajudamos nossa pequena a enfrentar o duelo pela morte de seu primeiro animal de estimação.

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Querida filha,

Precisamos conversar. Sei que ainda não compreende muitas coisas deste mundo. Mas sei também já entende o significado do amor e de amar ao próximo.

Quando entrarmos novamente em casa, notaremos um enorme vazio. Leirinha, nossa gata, já não nos recibirá carinhosamente. Já não nos olhará fixamente com seus lindos e grandes olhos amarelos. Quando você for pintar, não lhe fará companhia. Quando for comer, desde a sua cadeira, olhará para baixo e não a encontrará. Já não voltará a estar ali pronta para abocanhar toda a comida que você jogava pra ela. À noite estará ao pé da cama, velando seu sonho. Já não terá com quem brincar ou conversar (à sua maneira).

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A Leirinha já não vai mais voltar. Ela se foi. Estava muito doente. Agarrava-se ao amor que sentia por nós para ficar um pouco mais por aqui. Ela precisava ir para descansar. E agora descansa.

Aqui nós seguimos nossa caminhada, com menos graça. Sentiremos falta de suas corridas matinais pela casa. Sentiremos falta de seu corpinho deitado em nossas pernas enquanto assistíamos a televisão. Nossa casa está impregnada de sua alegria e doçura. Estaremos na cozinha e a recordaremos sentada na esquina esperando a seu momento de comer. Estaremos na sala e a veremos deitada confortavelmente no sofá, como fazia habitualmente cada tarde. Estaremos no banheiro e escutaremos o barulhinho de suas patas na areia. No nosso quarto, cada vez que olharmos nossa cama, veremos que já não deitará mais conosco.

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Alegre-se, minha filha! Você teve a sorte de ter a melhor irmã de pelo do mundo. Leirinha acompanhou você desde que estava em meu ventre. Cada dia se deitava sobre minha barriga e dormia em cima de você. Quando você nasceu, ao chegarmos a casa, recebeu-lhe com desconfiança, mas pouco a pouco deixou-se querer por você.

Dia após dia vocês estreitaram laços de amizade e companheirismo. Tornaram-se amigas, irmãzinhas de coração. Leirinha estava sempre atenta a você. Zelava pelo seu sono, enquanto dormia. Observava seus movimentos, enquanto acordada. Parecia querer protegê-la.

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Você começou a se arrastar pelo chão, porque queria alcançá-la. Pelo mesmo motivo começou a engatinhar. Como em um jogo de pega pega, quando você se aproximava, ela se afastava um pouco. Parecia esperar que você se esforçasse para ir até ela novamente. E assim foi. Apressou-se para caminhar e chegar mais rapidamente à Leirinha. Passou a correr, para que fosse ainda mais veloz.

Dizem que quando um bebê começa a andar, ganha sua primeira autonomia. Ou seja, fica mais independente. Pode ir de um lado a outro, sem precisar que o ajudem. Leirinha sabia que precisava te acompanhar nesse processo. Ajudou a desenvolver suas primeiras asas, para que você pudesse explorar esse mundo.

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Pena que não pode esperar você falar. Ontem, após acordar, mostrei-lhe um retrato da Leirinha. Você apontou com o dedinho e disse: “Miau”. Dei-lhe o retrato em suas mãozinhas. Seu olhar era triste, seu semblante era sério. Mais uma vez repetiu “Miau”. Naquele momento, tive a certeza de que compreendeu que Leirinha não voltará mais. E percebi que, embora tenha só 18 meses, você já tem uma capacidade infinita de amar o próximo.

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Que bom, minha filha! Leirinha não apenas te apoiou no processo do caminhar. Ela te ensinou a beleza do amor pelo outro. Agora Leirinha não é apenas um retrato na parede. É e será sempre a mais doce é bonita lembrança do que é o amor.

Desejamos que a Leirinha fique em paz. E ela permanecerá sempre viva em nós porque viverá sempre em nossa mente e em nossos corações

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