Nawal El Saadawi é uma mulher de 85 anos, médica, escritura e feminista de origem egípcia. Em publicação do jornal La Vanguardia, a ativista árabe refletiu sobre a incansável luta da igualdade entre homens e mulheres. Grande parte de sua vida tem dedicado a desconstruir as crenças da maternidade construída sobre o patriarcado, o domínio do dinheiro e da religião.

De pequena sofreu ablação genital. Aos dez anos, tentaram casá-la. Exerceu a medicina e conheceu em primeira pessoa a marginalização da mulher árabe. Foi diretora de Saúde Pública no Egito, Mas em 1981, suas ideias – se opôs aos acordos de Camp David, com Israel – a levaram a prisão, de onde, sobre folhas de papel higiênico escreveu o livro Memória de uma prisão feminina. Nos anos 1990, ao receber ameaças de morte por parte dos islamistas radicais, se exilou nos Estados Unidos.

Suas palavras são inquietantes e nos leva a refletir sobre o papel da mulher em nossa sociedade. No lugar de contar-lhe o que ela disse na entrevista, traduzimos o trecho em que ela fala da maternidade como uma prisão para a mulher.

Entrevista a Nawal El Saadawi sobre maternidade

– Por onde passa a conquista da igualdade da mulher?

As mulheres terminam por se oprimir a si mesmas: muitas acreditam no matrimônio para toda a vida e aguentam. Outras executam a mutilação genital em sus filhas ou, obedientes, cobrem suas cabeças. Necessitamos ser conscientes da opressão da cultura, da política, da religião e da maternidade.

– A maternidade?

– Sim. As mulheres são escravas da maternidade. A maternidade é uma prisão. O pai é livre, mas a mãe não. As mulheres sacrificam suas vidas e sua liberdade por seus filhos.

– É que são seus filhos.

– Devemos ser psicologicamente independentes de nossos filhos. As mulheres fazem com que os filhos sejam dependentes delas. Impõe-lhes sua autoridade, reproduzem o que padecem.

– Há verdade em suas palavras, embora sejam radicais.

– Nós fomos criadas até chegar ao sacrifício. Sacrifício pela família, pelos filhos, pelo país. Mas nem o país, nem o marido, nem os filhos se sacrificam pelas mulheres. Ainda assim, o toleramos. Temos que erradicar esta psicologia da escravidão.

– Nascemos com ela.

– Eu me desprendi de tudo o que supõe que deve ser uma mulher, de tudo o que me fazia ser escrava. E com os filhos a relação melhorou muitíssimo quando estive desprendida, longe dessa dependência psicológica que me oprima e os oprimia.

– Então, a grande rebeldia seria que as mulheres não tivessem filhos.

– Sem dúvida. Mas isso não é o natural. Para mudar as coisas devemos conversar, criar consciência e ser solidárias entre nós.

E você, concorda com as reflexões de Nawal El Saadawi?

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