Como vocês sabem, o método Montessori trabalha as distintas áreas do conhecimento de maneira sensorial, a fim de adaptar o processo de aprendizagem às necessidades específicas das crianças durante a primeira infância. Um dos materiais mais populares é a caixa de areia montessori com a qual é possível realizar distintas atividades/jogos de pré-escritura, o que favorece o processo de alfabetização. Isso prepara as crianças para a etapa seguinte de ler e escrever.

Trabalhar a pré-escritura de forma sensorial com Montessori

Quando falamos de materiais sensoriais, referimo-nos a todos aqueles materiais manipuláveis que estimulam as capacidades/habilidades das crianças mediante a vista, o tato, o olfato, o ouvido e o gosto. Para as crianças, é muito mais simples, por exemplo, aprender a somar e diminuir manipulando as contas de cores de um ábaco (matemática manipulável) do que realizando operações abstratas (cálculo mental).

As atividades sensoriais aplicadas à leitura e escrita tem como objetivo desenvolver a grafomotricidade. Essa é a habilidade manual que implica, de um lado, mobilidade, destreza e força na mão, dedos e pulso. E, de outro, implica coordenação olho-mão para poder empreender o processo de escrita.

Durante décadas, a educação se esforçou em ensinar a ler e escrever com lápis e papel. É um erro. As pedagogias respeitosas com a infância tem nos demonstrado que, para chegar ao nível adequado (antes não é melhor), antes de pegar um lápis para escrever, as crianças devem passar por etapas prévias.

Cada uma dessas fases (algumas das quais começa inclusive durante os primeiros meses de vida) é fundamental para alcançar com sucesso um grande reto de sua aprendizagem: a conquista da leitura e escrita.

Trabalhar a pré-escrita minimiza o fracasso escolar

Uma boa grafomotricidade, praticamente, garante a ausência de problemas na hora de escrever (desaparecem os problemas motores, como a pressão excessiva do lápis ou um mal agarre postural), evitando o bloqueio no processo de escrita. Boa parte dos problemas do fracasso escolar começam com a falta de adequação do método à criança.

O erro no método começa no momento em que há crianças (com ou sem necessidades educativas especiais) que não conseguem aprender a ler e escrever bem, como qual se oscila a base de todo seu posterior processo de aprendizagem em diversas matérias.

Maria Montessori, por sua parte, baseou sua metodologia na observação direta tas crianças. Esta observação lhe permitiu avaliar as necessidades específicas em cada etapa, as habilidades que vão adquirindo em cada ciclo evolutivo e a melhor maneira para adquiri-las: desenvolvendo ferramentas de jogo/trabalho personalizadas e adaptadas à criança.

Cada um de seus materiais de jogo/aprendizagem é um método autocorretivo de dificuldade adaptada capaz de se adaptar não apenas a um grupo de crianças da mesma idade aproximadamente, mas sim ao ritmo e à capacidade de cada um deles em particular. Porque cada criança é um mundo e segue seu próprio ritmo

Por esse motivo, antes de começar com a escrita no papel, o método Montessori se preocupa da preparação da mão. Primeiro com as atividades de vida prática e, posteriormente, com os materiais sensoriais de aprendizagem.

Concretamente, para trabalhar a pré-escritura, a pedagogia montessori oferece muitos e diversos materiais. Senso, talvez, o mais conhecido deles, a famosa caixa de areia. uma atividade muito efetiva e divertida que consiste em realizar traços com o dedo na areia contida em uma caixa.

Usos e vantagens

A caixa de areia tem como objetivo introduzir a criança na pré-escrita de uma forma sensorial, através da coordenação olho-mão, mediante a representação criativa de figuras. Dessa forma, a aprendizagem se realiza pouco a pouco e progressivamente, a partir de um jogo.

Essa é uma interessante e efetiva forma de brincar, aprender e ganhar segurança na escrita. o tato com a areia favorece a expressão sensorial do tato das crianças, já que podem apreciar sua temperatura, odor, textura, etc.

Ao trabalhar a escrita de uma forma mais sensorial, sem a dificuldade acrescentada do traço, o cérebro infantil interioriza melhor o aprendizado. Muitas crianças sabem as letras e os números (na atualidade é frequente que as aprendam muito cedo, já que estão muito mais em contato com elas através de canções, contos, etc.), mas tem dificuldade na atividade psicomotora de escreve-los com traço fino.

Nas escolas Montessori, da caixa de areia ou farinha (em que se trabalha com os dedos) se passa ao quadro grande com giz (como primeira ferramenta). E daí ao papel (e o lápis). E sempre são eles os que decidem quando estão preparados para iniciar a seguinte atividade. Ou seja, se respeitam seus ritmos.

Alguns benefícios da caixa de areia

Os benefícios da caixa de areia são evidentes:

  • Facilita o aprendizado das letras.
  • É um aprendizado sensorial, mais acorde com as necessidades e capacidades da criança entre os 2-3 e 6 anos.
  • A criança não precisa controlar um lápis para aprender a representar/escrever e reconhecer/ler um símbolo. Utiliza seus dedos, uma ferramenta muito mais inata e natural para ele, que já domina muito bem.

O que se trabalha com a caixa de areia?

Além de seus benefícios para a preparação para a escrita, a caixa de areia fomenta aspectos como:

  • coordenação motora fina: favorece que as crianças adquiram maior precisão com os dedos.
  • pré-escrita: escrever na areia e desenhar formas fomenta uma maior destreza na hora de escrever depois com o lápis e o papel.
  • coordenação olho-mão: desenhar na areia um modelo visto no quadro facilita que, pouco a pouco, desenvolvam uma maior habilidade para coordenar seus olhos com suas mãos.
  • reconhecimento de formas: ao identificar um desenho e copiá-lo na areia, trabalhamos o reconhecimento de figuras visuais.
  • concentração: manipular a terra e desenhar nela é um exercício de que as crianças gostam e as motiva. Por isso estão entretidas longos períodos de tempo.
  • Relaxação: as atividades sensoriais, sobretudo as relacionadas com o tato, causam prazer e relax, servem para liberar tensões e são ideais para praticar o jogo tranquilo em casa.

Como brincar com a caixa de areia

Antes de realizar qualquer atividade, é importante saber que os materiais Montessori precisam o que a metodologia denomina “uma apresentação”.

Isso não é outra coisa do que preparar o entorno da maneira mais adequada (deixar a mesa livre, proporcionar luz suficiente, talvez colocar um pouco de música acústica tranquila de fundo, etc.) e dispor o material.

Depois procederemos a ensinar a criança como se utiliza, fazendo-lhe uma demonstração. Ou seja: nós realizamos devagar a atividade, enquanto ela nos observa. Depois, cedemos o turno para que o faça.

Apresentação da caixa de areia

Tiramos a caixa de areia e a colocamos no centro de um espaço limpo e livre de coisas que distraiam a criança.

Preparamos o material como deve ser utilizado. Espalhamos a areia na caixa e oferecemos à criança o material de apoio para que possa representar.

Podemos usar o alfabeto de lixa ou impresso, traços de grafomotricidade, figuras geométricas. Também podemos usar um quadro das mesmas dimensões que a caixa de areia montessori. Nela podemos desenhar algum padrão de formas ou de letras. O ideal é que, no início, usemos símbolos ou grafias que a criança já conhece.

Depois traçamos com nosso dedo sua forma na areia. Depois de um par de segundos, alisamos a areia com a palma da mão e convidamos a criança a experimentar.

A partir desse momento, o papel do adulto em Montessori será o de observar a atividade. Não devemos interromper a criança (a não ser que seja para traçar um novo modelo no quadro que a criança possa copiar na areia) nem intervir, a não ser que se produza uma dessas situações:

  • Que a criança comece a se sentir frustrado, chateado ou triste porque não consegue fazer a atividade. É melhor não forçar  situação. Podemos tentar outra técnica ou reservar a atividade para mais pra frente e repeti-la no momento mais adequado em que a criança mostre maior interesse ou predisposição ou tenha adquirido maior destreza para enfrentar a execução. Ou, então, que a criança tenha alguma ferida física com o material. Algumas crianças sentem curiosidade por saber o sabor da areia e a colocam na boca, embora a partir dos 3 anos isso é menos provável que aconteça.
  • Que utilize o material de maneira inadequada, com risco para o material ou para si mesmo. Devemos mostrar as crianças a respeitar e cuidar dos materiais e a não maltratar as coisas que estão a seu redor.
  • Que, no jogo com várias crianças, surjam disputas, tensões ou conflitos que não estejam sabendo resolver adequadamente. Está bem que as crianças tenham suas diferenças e as resolvam entre si. Mas nunca devemos permitir-lhes ferir o outro ou faltar-lhe o respeito. O mais adequado aqui é convida-los, amavelmente, a abandonar a atividade e a resolver seus problemas de forma civilizada, mediante o diálogo e a empatia.

Qualquer dessas situações terá de ser resolvida de forma amável e serena, sem cair no grito, na discussão ou no castigo. Primeiro, porque é a forma mais correta e efetiva de corrigir uma conduta inadequada. Segundo, porque, do contrário, a criança poderia associar erradamente o castigo com a atividade de pré-escrita e se negar a pratica-la no futuro.

* Texto de Una Mama Novata

Nossa experiência com a caixa de areia

Laura ainda não está preparada para começar com o processo de escrita. Tem apenas 25 meses. Então ainda não posso compartilhar nossa experiência com a caixa de areia montessori. No entanto, tenho me preparado para quando chegue o momento possa guia-la para ajudar nesse processo tão bonito que é o de aprender a ler e a escrever.

Portanto, tenho deixado aqui o registro de como Montessori concebe o processo de aprendizagem da leitura e da escrita. Mais adiante, assim que começarmos a entrar nesse incrível mundo das letras, passarei por aqui para deixar nossas impressões.

Atividades com a caixa de areia para a escrita

1 Comentário

  1. Mônica Sartori Responder

    Eu amo Montessori, dei aula mim a escola Montessori no rio de Janeiro. Foi minha base para estar onde estou hoje como psicopedagoga.

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