As crianças entre 1 e 3 anos são especialistas em dizer NÃO. É nessa fase que se dá o processo em que começam a se separar e a se diferenciar de nós, seus pais, por primeira vez (a segunda individuação se dá na adolescência e aqui também vamos encontrar filhos com uma grande necessidade de se opor a nós sem mais).

Então, entendamos que essa fase é normal e sã e que tem que ocorrer de fato! Por isso, quando os pais acreditam que tem que desestimular ou castigar este tipo de comportamento é porque, na realidade, não compreendem a verdadeira importância da palavra “não” e seu significado na vida futura.

✔️ Este bebê/criança está “tornando-se um sujeito” separado de seus pais e diferente do mundo que o rodeia.

✔️Está também praticando seus próprios limites, dizendo o que não quer e não gosta. Estão delimitando sua área.

✔️Praticam isso uma e outra vez, assim como treinam o caminhar e outras habilidades que vão aprendendo.

Por isso, se a criança só recebe raiva, recusa e castigos ao ter esses comportamentos, aprenderá que dizer NÃO é “arriscado”.

Isso não quer dizer que digamos sim a tudo. Há coisas nas quais podemos ceder e outras que não. E aí devemos ser firmes, mas sem desafia-la ou chatear-nos.

Assim podemos ceder, talvez, em situações sem importância. Por exemplo, se lhe dizemos “vai usar a camisa azul” e a criança não quer, podemos responder-lhe: “ok, qual camisa quer usar: esta ou esta?”. Para situações não negociáveis, como que a criança não quer estar no assento de segurança do carro, tentaremos incentiva-lo a cooperar, dizendo-lhe: “vamos cantar uma canção enquanto nos sentamos na cadeira” ou “escolha um boneco que acompanhe você a se sentar na cadeira do carro”.

Se, ainda assim, a criança se nega, vamos senta-la ainda que não queira, mas sem a necessidade de gritos ou raivas. Simplesmente lhe dizemos que se sente por sua segurança. E ponto. Não é necessário envergonha-la nem dizer-lhe coisas que a machuquem. Permite-lhe que tenha os sentimentos que tiver. Isso não é grave. “Não há problema em ter raiva, já sei que você não gosta de se sentar na cadeira do carro”.

Sendo firme e amoroso, você está permitindo que seu filho tenha seus próprios sentimentos e esteja em desacordo, ainda que, assim mesmo, nesse momento, tenhamos que anular seus desejos.

Praticar isso pode ser difícil se você era castigado por dizer NÃO. Pode que sintamos raiva, mas ajuda muito saber que não há nada de terrível no comportamento de nosso filho, simplesmente está praticando uma habilidade vital. Vai precisar dizer, muitíssimas vezes, que NÃO durante a adolescência (ao sexo, às drogas, às situações perigosas). Ajude-a a praticar o NÃO.

* Texto de Rosario Valente, psicóloga (@rosariovalentepsicologia)

Criação com Apego

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