E quando as crianças não querem cumprimentar? Muitos pais se sentem abrumados e envergonhados quando os filhos insistem em não cumprimentar as pessoas. Acreditam que é falta de educação, que estão perdendo o controle sobre a criança. Na realidade, deveríamos aprender que, quando as crianças não querem cumprimentar, devemos respeitar esse desejo. Por que? Compartilho com vocês uma reflexão da jornalista e assessora de criação criativa, Berna Iskandar, sobre o tema. Entenda os motivos de não obriga-los se não querem.

Quando as crianças não querem cumprimentar

Tenho escrito, em geral, sobre a importância de informar, comunicar, acordar com as crianças de um modo respeitoso e empático, no lugar de impor e dar ordens sistematicamente. Trata-se de um princípio ético que deveria orientar nossa aproximação com os pequenos. Nesse sentido, o tema de obrigá-los a cumprimentar, não constitui uma exceção. Forçar uma criança a cumprimentar ou beijar os demais equivale a treiná-lo a submeter seu próprio desejo e seu próprio corpo ao desejo dos outros.

Especialistas em comportamento humano vinculam esta e outras práticas autoritárias com as crianças, como fator de risco de abuso infantil em distintas gradações, incluindo o abuso sexual. Repetindo, sem questionar a ordem autoritária, para o qual fomos educados, no lugar de inculcar em nossos filhos valores de respeito à integridade de seu corpo e seus próprios desejos, cerceamos suas capacidades inatas de autoproteção e confiança básica.

Cabe aqui a indagação sobre o que nos induz a deixar de escutar nosso filho ou nossa filha, quando os força,ps a cumprimentar e beijar outras pessoas. Precisamos dar a impressão de sermos pais exemplares que souberam educar “corretamente”? Preocupa-nos mais o que o outro possa pensar de nós do que o nosso próprio filho ou filha sente ou deseja? Queremos que a criança responda cegamente às nossas expectativas sem considerar que, possivelmente, ela sinta timidez ou que, provavelmente, nesse momento, não esteja com ânimo ou, talvez, essa pessoa não inspira confiança?

Lembremos que as crianças estão menos condicionadas pela pressão social e ainda são capazes de registrar, intuitivamente, o que es adequado ou não. As crianças são transparentes e espontâneas na hora de expressar seus sentimentos. Quando beijam ou cumprimentam alguém, fazem-no de coração à diferença dos adultos que, na maioria das vezes, o fazemos por conveniência ou por obrigação.

A mensagem implícita na ordem de cumprimentar ou beijar os outros é: submeta-se à ordem dos outros que considere mais forte ou agrade os demais não escutando seu corpo e sua intuição. As crianças aprendem a cumprimentar observando o exemplo de seus pais e no seu próprio ritmo. Não é preciso forçar.

* Texto de Berna Iskandar, jornalista e assessora de criação alternativa. Autora de @conocemimundo.

Criação com Apego

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