Você sabia que uma criança de 2 anos recebe umas 400 ordens diárias? É isso mesmo que você acaba de ler. E, então você já estará pensando que não é fácil a vida de uma criança. E não é mesmo.

Tenhamos em conta que, muitas vezes, achamos que não são capazes de realizar muitas tarefas, quando de fato o são. Então, ela não pode escolher como quer se vestir, nem quanto quer comer, nem a que horas quer comer. E se quer sair pra se divertir na pracinha? Não pode. Ver a televisão? Nem pensar. Correr pela casa? Incomoda o vizinho de baixo. Brincar com a água? Não, molha tudo. Com barro? Suja a roupa. Tomar banho de chuva? Pega gripe.

Imagine que se, além de não ter autonomia e responsabilidades, a criança ainda leva palmadas, gritamos com ela, zangamos, xingamos, ameaçamos e privamos das coisas que mais gosta.

E, para completar o panorama, ainda nos atrevemos a dizer que ‘nossos filhos fazem o que querem’ ou que ‘estou cansada de mandar e não me obedece’. Para muitas crianças esse é o retrato de sua vida diária.

A maioria das ordens são desnecessárias

Uma coisa é certa. A maioria das ordens que damos são desnecessárias e pouco respeitam a criança. Aquelas necessária não são negociáveis buscam proteger a integridade, a segurança, a saúde e a vida da criança. Por exemplo, atravessar a rua sozinho ou com sinal vermelho, beber algum produto tóxico, comer um prato de doces e chocolate, brincar com uma faca ou objeto pontiagudo. Aqui está claro: simplesmente não deixamos que o faça.

No que diz respeito à comida, por exemplo, não devemos insistir para que coma a quantidade que não quer. O corpo é sábio e avisa que já não tem fome ou sede. Também, se queremos ajudar a prevenir o abuso sexual infantil, devemos mostrar-lhe que o corpo é seu e ninguém pode dar ordens sobre ele. Logo, deve ser respeitado. Ao bater na criança, mostramos que não respeitamos o seu corpo. O mesmo quando a obrigamos ao afeto forçado, dar beijos ou abraços em quem não deseja beijar ou abraçar.

A forma de se vestir e de se pentear deveriam ser decisões da criança. Uma criança de dois anos podemos educá-las para ter essa autonomia. Esse é um modo de dar-lhe a oportunidade de aprender a tomar decisões sobre sua própria vida.

Todas as demais ordens que sobram, podemos trocar por opções, ou seja, oferecer à criança outra possibilidade de solução para o problema e deixar que ela decida qual é a melhor. Dessa forma, no lugar de ‘não salte no sofá’, podemos dizer ‘que tal se você salta comigo aqui do chão?’

* Texto adaptado de Valery Florez

** Foto: ABCDelBebe

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