A natureza deveria ser o pátio de brincar da criança. Essa reflexão é, por si só, inspiradora. Mas, você já parou para pensar quantas vezes seu filho está em contato com a natureza diariamente? Na infância, tive o privilégio de brincar ao ar livre, em meio à natureza. Estudava apenas pela manhã. Toda a tarde dormia e brincava. Íamos à praça do bairro todos os dias no fim da tarde para brincar com os vizinhos. Nos fins de semana, não havia shopping, apenas um parque natural na cidade. Todos íam para lá fazer pique-nique em família. Brincávamos com pedaços de pau, pedras e outros elementos da natureza.

Atualmente, uma criança da minha cidade, passa todo o dia realizando atividades na escola ou em outros centros. Em casa, devem se dedicar a fazer os deveres escolares. Nos fins de semana,o parque natural da cidade continua ali. Mas poucas pessoas frequentam. Os dois shoppings atraem a atenção de todos. O desafio é conseguir uma vaga de garagem no centro comercial. O brincar se resume a saltar camas elásticas, andar de cavalinho ou se divertir em outros jogos eletrônicos.

Por que se perdeu tudo o que tinha na minha infância? E por que devemos resgatar muitas coisas do nosso passado para a infância de nossos filhos?

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Por que as crianças não brincam mais na e com a natureza?

As respostas a esta questão podem ser várias e amplas, no entanto resumirei um apenas dois pontos: competitividade e insegurança. Por um lado, vivemos em um mundo extremamente competitivo. Nossos filhos tem uma intensa rotina de atividades. Passam um turno na escola e outro em atividades extraclasse. Sentimo-nos na obrigação de preparar nossos filhos para serem excelentes profissionais no futuro. Como, por motivo de trabalho, não podemos estar com as crianças nas horas livres, acreditamos que melhor te-los ocupados em outras tarefas.Pergunto-me, pois, se a infância deve se resumir em um intensivo preparatório para ser alguém dentro de duas décadas.

E, por outro lado, infelizmente, nossas ruas são inseguras. Não nos atrevemos a deixar nossos filhos brincando nas calçadas. Temos medo de que sejam atropelados, sequestrados, baleados… Vivemos um medo constante. Temos a crença de que melhor refugiarmos em áreas de lazer fechadas, como shoppings e parques.

Então, quando penso em uma criança que passa cerca de 8 horas entre escola e atividades extraclasse, que, nos fins de semana, vai à shoppings para passear, pergunto-me que tipo de cidadão estamos educando para o futuro. Quais são as chances de que ela seja uma sujeito criativo, seguro de si mesmo e autêntico? Quando penso na criança superestimulada com tantas atividades e deveres, e com uma exposição intensa ao consumismo, apenas consigo visualizar um adulto inseguro, pouco criativo, imediatista e comodista.

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Por que resgatar nosso passado na infância de hoje?

A infância é o principal período de desenvolvimento do ser humano. Tudo o que se vive, especialmente nos três primeiros anos de vida, determina como será o sujeito em sua fase adulta. Dessa forma, se queremos educar nossos filhos para que sejam criativos, deveríamos fazer da natureza o seu pátio de brincar. Ocupar os parques e as praças. Exigir de nossos governantes mais zonas de lazer e parques naturais. Permitir à criança, através do contato com a natureza, vivenciar o jogo não estruturado. Dar-lhe a oportunidade de criar e inventar seus próprios brinquedos a partir de elementos naturais.

Se queremos educar nossos filhos para serem seguros de si mesmos, devemos dedicar mais tempo a nossos filhos. Deveríamos, como pais, ocupar os espaços públicos e exigir uma lei de conciliação laboral. Não há sentido que tenhamos que ter babás para cuidar de nossos filhos, quando poderíamos ter leis que nos permitisse maior flexibilidade de trabalho, a fim de poder estar com nossos filhos em casa. Quando formos conscientes de que esse é um direito nosso, poderemos voltar a esse passado nostálgico de estar com nossos filhos brincando em espaços naturais ao ar livre.

Se queremos que nossos filhos sejam autênticos, devemos ensinar-lhes a não ser consumistas. Menos shopping e mais natureza. Menos parques pseudoseguros e mais parques naturais. Menos inserção ao comércio e mais inserção ao movimento livre, ao brincar livre.

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Educação Emocional

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