Quando você era criança, seus pais batiam em você quando fazia algo errado? Após tanto tempo, você acredita que fizeram o certo e por isso você é uma pessoa de bem? Acredita que dar uma palmada é um modo de corrigir os erros de seus filho? Então, você precisa ler este post até o fim!

Muitos pais que batem em seus filhos como método de corrigir os erros cometidos, justificam sua conduta no fato de terem sido criados assim. “Bato porque fui criado assim e olha onde cheguei“. Como conseguiram levar suas vidas adiante e mesmo obtiveram sucesso, especialmente, na vida laboral, acreditam que a educação baseada em palmadas, chineladas, pauladas foi fundamental para dar-lhes limites e levá-los a uma vida do bem. Muitos pais de hoje se dizem agradecidos por terem recebido esse tipo de educação punitiva.

De acordo com estudo realizado pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV), da Universidade de São Paulo (USP), crianças que apanharam dos pais tem grande probabilidade de usar da violência no dia a dia quando se tornam adultas. De fato, muitos pais afirmam que bater no filho é uma alternativa para corrigir a tempo, evitando que ele faça coisas futuras.

De tudo isso tiramos duas conclusões:

  1. Nós somos o exemplo para nossos filhos. Ao bater nos nossos filhos, alegando que o fazemos porque fomos criados assim, apenas reforçamos a afirmativa anterior. Nossos pais são nossos exemplos. Reproduzimos o que aprendemos em casa. Nosso filho apenas segue nosso exemplo, apenas reproduz o que aprende de seu pai e com sua mãe. Se a nossa forma de resolver os problemas é através da agressão física, ele aprenderá que esta é a forma mais idônea de resolver qualquer problema que a vida lhe apresente.
  2. Bater corrige no momento, mas não há nenhuma certeza de transformação do comportamento da criança. Uma palmada pode frear o comportamento, porque gera na criança medo. Ela não aprende com a palmada, pois não há explicação sobre o porque de estar apanhando. Tanto é assim que, em geral, crianças que apanham voltam a cometer o mesmo erro uma e outra vez, sobretudo, quando não se sentem vigiados pelos pais.

Tenhamos claro. Bater é violência. É uma agressão física contra o menor. Apenas mostramos que, na relação pais e filhos, acabamos ganhando porque temos mais força. O diálogo e a repetição é a melhor forma de mostrar-lhes o erro.

Não bata em seu filho, eduque-o para uma cultura de paz

É do psicólogo clínico infantil Alvaro Pallamares esta sábia reflexão:

Não se deve maltratar. Não se deve bater, xingar, humilhar, lançar objetos, bater com objetos, puxar o cabelo, nem as orelhas; nem ameaçar com o abandono, nem se fechar, nem amedrontar, etc, etc.

Deve-se corrigir com palavras, sem gritos, com repetição, com calma, com repetição, com amor, com repetição.

Os limites são necessários, indispensáveis, inclusive. Mas isso, em nenhum caso, pode justificar a violência nem a agressão. Quando não sabemos colocar limites, nem transgredir os direitos humanos de um ser humano, é possível pedir ajuda, buscar apoio, ler sobre criação respeitosa, averiguar sobre parentalidade positiva, sobre disciplina positiva, sobre a Teoria do Apego.

Quando são nossas próprias cadeias dos maus-tratos que recebemos na infância o que nos impede dar-lhes um melhor trato a nossos filhos, a psicoterapia se torna indispensável.

O sábio pede ajuda, o néscio fracassa sozinho.

Se apenas lendo isso, você não se convence de que não se deve bater em crianças, propomos um interessante exercício de autoconhecimento e autocrítica.

Um exercício que mudará a relação com seu filho

Antes de começar o exercício tenha em conta esta advertência:

Este exercício requer bastante concentração, deve ser realizado com seriedade e pode ferir suscetibilidades.

Realize-o quando tiver um momento de silêncio e estiver sozinho:

Feche os olhos.

Busque em sua mente um momento ou mais de sua infância no qual um adulto tenha batido em você (palmadas, chineladas, com cinto ou correia, etc.)

Tente recordar cada detalhe dessa situação: pessoas, palavras, eventos, lugares, o que mais puder.

Recorde esse evento em 3 momentos: antes, durante e depois de que ocorresse.

> Antes: Lembre-se de quais sentimentos você tinha quando se deu conta de que bateria em você, dizendo algo similar a “vou te dar uma chinelada” ou “agora sim você merece uma palmada”. Nesse caso, como lhe diziam? O que essas palavras despertavam em você?

> Durante: Enquanto batia em você, o que acontecia: você tentava fugir? Tentava se defender? Chorava de dor físico e emocional? Suplicava para que parassem e não o batesse mais? Dava por perdido e suportava a situação? Então, o que você fazia?

> Depois: Que pensamentos vinham a sua mente assim que acabou aquele momento? O que pensava sobre o adulto que bateu em você (pai, mãe, cuidador)? O que pensava de você mesmo? Que emoções surgiam em você?

Abra os olhos.

Agora, responda às seguintes perguntas:

  • O que você sentiu ao realizar este exercício?
  • Quer deixar essa mesma lembrança em e para seus filhos?
  • O que gostaria que esse adulto que bateu em você tivesse feito realmente?

Mudando a relação com seu filho

Sempre que sentir impulso de bater em seu filho, por qualquer situação que seja, lembre-se do momento que viveu em sua própria vida quando ainda era criança. Pergunte se realmente quer deixar gravada essa dolorosa lembrança em seu filho, assim como ficou gravada em você a recordação dolorosa da infância. Enche-se de calma, paciência. Tente mostrar a seu filho, de milhares de formas possíveis, o erro que cometeu. Mas, exclua sempre qualquer forma de violência.

O objetivo deste exercício é gerar um espaço de reflexão sobre nossa própria infância, convidando a abandonar na criação todo tipo de violência contra as crianças, fazendo ter em conta que, quando fomos crianças, isso também nos doía e nos causou tal impacto que, passados os anos, ainda seguimos lembrando esse momento com dor e, talvez, até com algumas lágrimas que nos escapem.

* Exercício proposto por Valery Flórez, de iParenty.

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