Outro dia lia uma entrevista de Mar Romera, uma especialista em Inteligência Emocional e autora de diversos livros dedicados à escola e à infância. A afirmação mais profunda foi: “Eu não quero que minhas filhas sejam felizes, quero que vivam todas as emoções”. Esta é uma ideia muito poderosa. Vejamos o porquê.

Romera entende a Educação Emocional como parte da educação integral da pessoa. As emoções nos ajudam a estar vivos. Por exemplo, graças ao nojo não comemos carne crua em mal estado, assim como graças à curiosidade somos questionadores e evoluímos, graças à alegria queremos voltar a repetir experiências de sucesso… E a tristeza é o que nos permite “resetar nosso cérebro” para começar do zero.

Quero que minha filha viva todas as emoções

A saúde mental é, pois, um estado equilíbrio que permite escolher a emoção oportuna à circunstância que vivemos. Para a especialista, tendemos a limitar-nos a viver os sentimentos positivos. Por certo, se alguém pergunta a um pai ou a uma mãe o que desejam para seus filhos, a resposta será unânime: “que sejam felizes!”.

Ela explica que “A felicidade é o sentimento que se produz desde a alegria. Se eu quisesse que minhas filhas sempre estivessem felizes, queria que não fosse afetadas pela perda de um ser querido, por uma reprovação em uma prova escolar, por quebrar seu objeto preferido… Talvez estaria pedindo que minhas filhas fosse psicopatas. Não quero isso. Elas são o mais importante da minha vida. Quero que se permitam viver uma vida plena, desfrutando da complexidade emocional em sua totalidade.”.

De fato, a felicidade é a eterna busca do ser humano. Não é um estado de ânimo. Estamos buscando mil e uma fórmulas de alcançar a felicidade. Isso porque a felicidade é dopamina. Se passamos por momentos alegres, tendemos a querer reproduzi-los. Isso é um aditivo. Sempre queremos mais.

A consequência disso é que nos privamos de viver todas as emoções em sua plenitude. Nossa tendência é bloquear as emoções negativas, como se de algo muito ruim se tratasse e com o qual não pudéssemos viver. Se a criança tem medo, deixamos de validar o sentimento dizendo-lhe: “Que bobeira, ter medo de uma aranha” ou “Você já está muito grande pra ter medo“. Se tem raiva, tendemos a humilhá-la, “Ihh, está todo mundo olhando o show que você está dando“. Podemos chegar a fazer bullying com nossos próprios filhos ao etiquetá-lo tendo em conta suas emoções: “Lá vem o chorão” ou “A raivosa está chegando”.

O melhor presente para nossos filhos é ensiná-los a reconhecer as emoções

Realmente, nós deveríamos ensinar nossos filhos a reconhecer, identificar e manejar corretamente suas emoções. Se eles aprendem a escolher a emoção no momento e de maneira adequada, tornam-se sujeitos capazes de viver a vida em plenitude.

Agora, algo está claro, se queremos que nossos filhos aprendam a reconhecer as emoções, devemos primeiro buscar nós mesmos o equilíbrio emocional. Devemos permitir-nos sentir todas as emoções, saber lidar com cada uma delas. Lembremos que somos de uma geração em que medo, tristeza, raiva, ira são emoções proibidas. Senti-las faz parte do processo de evolução.

Mar Romero nos recorda que “graças à neurociência, sabemos que não existem emoções boas ou más. O que poderíamos dizer é que existem emoções agradáveis e desagradáveis. Elas não são cultura, são química”. Dessa forma, haveria 10 emoções básicas. As desagradáveis seriam o medo, a raiva, a culpa, a tristeza e o nojo. Já as emoções agradáveis seriam a alegria, a curiosidade, a segurança e a admiração. A surpresa está como emoção neutra.

Mar Romera ainda explica que, “no lugar de buscar a felicidade e a alegria acima de tudo, pais e mães deveriam buscar a “acetilcolina para o aprendizado e a vida amorosa em família desde a curiosidade e a admiração. Aqui os referentes fundamentais serão papai e mamãe ou outros. E neles devemos criar o vínculo. O amor não está ancorado na alegria, mas sim na admiração”. Dessa forma, o melhor seria treinar o viver todas as emoções. Uma estrutura emocional equilibrada é fundamental para a saúde emocional.

Inteligência Emocional

Na seção Inteligência Emocional aprendemos como ajudar nossos filhos a reconhecer e identificar as emoções corretamente. A partir do autocontrole emocional, a criança está preparada para vivenciar situações várias de uma maneira equilibrada. Descubra mais:

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Foto @Pixer

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