Durante muitos anos, nós, mulheres, crescemos pensando que estar capacidade, biologicamente para parir, nos torna, praticamente, em boas mães. Entretanto, a ciência e outras disciplinas como a psicologia e a sociologia demonstraram que podemos exercer uma marentalidade biológica, mas, em muitos casos, algumas mães e pais não podem dar continuidade à chamada parentalidade social, que se caracteriza por prover os cuidados que um bebê ou criança precisam para se desenvolver adequadamente.

As causas podem ser por múltiplos fatores, sendo os maus-tratos, a violência, bem como os contextos de carência afetiva, os que impedem que algumas mães e pais não possam cuidar de seus filhos devidamente. Isso não quer dizer que muitas mães que foram afetadas pela violência não possam cuidar, proteger ou estimular seus filhos para seu bom desenvolvimento e crescimento. O que ocorre, em todo caso, é que são mães ou pais que puderam, dentro desses contextos, ressignificar as vivências e desenvolver uma resiliência secundária que lhes permitiram cuidar deles.

Sabendo isso, o grande desafio ao que enfrentamos como pais é oferecer e garantir o desenvolvimento infantil de nossos próprios filhos. Esse bem-estar se manifesta quando oferecemos cuidados físicos e afetivos que todo bebê e criança precisam para crescer.

Como pais, precisamos desenvolver certas competências e habilidades que nos permitam interagir, empatizar e apegar-nos ao bebê ou à criança para poder provê-lo daquilo que necessita.

Isso implica desenvolver a suficiente plasticidades cerebral a nível parental e marental para satisfazer as múltiplas necessidades que se derivam das mudanças de desenvolvimento e crescimento dos filhos.

Sabemos bem que a criação dos filhos é, por si só, extenuante, e, por si mesma, apresenta já um desafio. Entretanto, quando, como pais, não contamos com as habilidades requeridas para prover, de contextos afetivos e psicoemocionais, a criação pode se tornar mais complicada e complicar a vida de nossos filhos.

Fazer consistente os padrões reativos e herdados da família da qual provemos é necessário, pois nossas memórias infantis, em algum momento, podem interferir com nossas ações como pais no momento de interagir com nossos filhos e filhas, sobretudo se se apresentam em formas de interações não respeitosas e violentas.

Nossas capacidades como mães e pais de nossos filhos tem muito que ver com processos de aprendizagem dentro da cultura na qual nascemos, da família onde crescemos, das pessoas com as quais interagimos, bem como das experiências que recebemos sendo meninos e meninas.

Talvez, o primeiro passo para este desafio da marentalidade e da parentalidade tem que ver com fazer-nos cargos de nossas próprias memórias infantis, bem como fazer-nos consciente do respeito aos meninos e meninas em geral e de nossos filhos e filhas em particular, tendo em conta a dignidade dos meninos e meninas, legitimando seus direitos, sem que isso implique perder a hierarquia de nosso papel de pais e mães que estão para acompanhar, educar, estimular, proteger e cuidar dos filhos e filhas, procurando o maior desafio de ser pais que é contribuir para o bem-estar infantil, para o bom desenvolvimento na adolescência e na vida adulta.

* Texto de Crianza del buen trato. Tradução: Karina de Freitas.

Criação com Apego

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