Muitas vezes, diante de uma situação que sentimos perder o controle, tendemos a recorrer à punição como recurso para fazer a criança entender que não se comportou bem. Acreditamos que punir a criança leva a adquirir determinados valores morais. Na realidade, a punição produz conformidade, não moralidade. Esse é o tema da reflexão da educadora parental Thais Basile, que compartilhamos com vocês.

Punição produz conformidade, não moralidade

Castigos são uma tendência entre pais que deixam de dar palmadas ou estão segurando as broncas e gritos, além de tudo ainda são (infelizmente) muito indicados por pediatras, pedagogos e até psicólogos. Só que a ciência vem desmistificando o castigo como forma de educar. Há tempos eu quero fazer um grande texto sobre isso, hoje lendo um artigo do Doutor Michael Karson eu decidi que escreveria.

O castigo tem um grande aliado que é: ele parece que funciona. Ele parece que acalma a criança quando na verdade, funciona para tirar a criança de perto para que o adulto se acalme, ou no máximo, para que a criança saia de perto do problema que está criando. Existem várias maneiras de acalmar uma criança para que ela entenda a mensagem que queremos passar, sem ter que castigar.

A grande questão do castigo é que as pessoas pensam que estarão ensinando causa e consequência para a criança, quando a realidade é que a maioria dos castigos não se parece nem um pouco com consequências lógicas. Explico: tirar um IPad da criança porque ela jogou a comida longe ou não colaborou não tem nada de lógico. O lógico seria que a criança limpasse o que sujou, certo? De qualquer maneira, pesquisas vêm demonstrando que o castigo não impede que a criança volte a fazer o mesmo comportamento, porque ao invés da criança  entender os motivos do que fez e as consequências reais que causou, ela fica com receio de sofrer as consequências que O ADULTO impôs. Ou seja, a criança atrela o que aconteceu depois do que ela fez com aquele ADULTO, não com a consequência lógica do ato. Quando aquele adulto não está por perto, ou ela não sente mais a ameaça daquela punição, o comportamento volta a ocorrer. Se for pensar, isso é até bem óbvio.

Outro GRANDE problema dos castigos é que eles geram um ciclo que se chama crime-pagamento. A criança se sente livre para voltar a fazer o comportamento porque sente que “pagou” por ele.

As crianças precisam entender como agir bem quando os adultos não estão por perto, isso se chama criar autorregulação. Criar moralidade. Nenhum castigo cria isso, mesmo aqueles que têm grandes explicações dos pais após a punição: o cérebro da criança simplesmente PARA de aprender quando está acuado, com raiva, com medo. A aprendizagem significativa só ocorre quando a criança se sente ACEITA, mesmo que não aceitemos seu comportamento.

* Texto de Thais Basile, educadora Parental pela PDA, Analista Comportamental e Pesquisadora. É autora da conta no Instagram @educacaonaoviolenta.

Disciplina Positiva

Através da Disciplina Positiva aprendemos a centrar-nos em potenciar habilidades em nossos filhos para que possam ser capazes de solucionar problemas por eles mesmos. Também reconhecemos que castigos físicos e psicológicos não são recursos que favoreçam a criar crianças com autonomia, responsáveis e independentes. Saiba mais:

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