Leia o poema Saci Pererê, de Joaquim Queiroz Filho. Nele vemos as principais características do moleque negrinho e suas travessuras.
Saci Pererê
Era uma vez um menino
Que tinha o triste destino
De trabalhar para o mal
Quebrava a louça por troça
Botava fogo na roça
Escancarava o curral
Como o Pedro Malasarte
Era visto em toda a parte
Mas pulando c’um pé só
Uma queda na cisterna
Foi que lhe quebrou a perna
Segundo disse a vovó
Caiu também na fogueira
Que ele acendeu na capoeira
Numa noite de São João
E, mesmo branco que fosse
Dessa maneira tornou-se
Pretinho como carvão
Na poeirada dos caminhos
Levantava remoinhos
Que faziam sufocar
E, nesse divertimento
Aparecia um momento
Para sumir-se no ar
Achando pouco esses danos
Levava a gente aos enganos
Pois que sabia mentir
Com tamanha habilidade
Fazia tanta maldade
Que nem há mãos a medir
Em qualquer das conjunturas
Invisível nas diabruras
Como o próprio Belzebu
Quando alguém o procurava
Ele, de longe, cantava:
— Saci… sererê… nhangu…
Mas veio, um dia, o castigo
Desse danado inimigo
Com infernal frenesi
Para o sossego da gente
Ele virou de repente
No passarinho saci
Hoje, tão triste e singelo
Num desespero amarelo
Como a florada do ipê
Nas fumaradas de agosto
Geme com fundo desgosto
— Saci… saci-sererê!
(Em LOBATO, Monteiro. O saci-pererê; resultado de um inquérito. Edição fac-similar. Rio de Janeiro, Gráfica JB, 1998, p.153-154)
* Visto em Colecionadores de Sacis
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