Talvez o que mais nos custa aos adultos em relação à criação de nossas filhas e filhos seja integrar a serenidade como pilar de conexão e vínculo com eles.
Serenidade para compreender, empatizar e validar, tanto seus momentos conflituosos, tensos, ruins, regulares, como suas alegrias, seus sorrisos, seu jogo, sua incessante necessidade de crescer, aprender e saber.
Serenidade para dar-lhes o tempo necessário para crescer e desenvolver seu ritmo, sem sofrer pressões, sem compara-los com outros meninos e meninas, sem ter que cumprir nossas expectativas ou as da família.
Serenidade para compreendermos a nós mesmos, para curar nossas próprias feridas e aprender a olhar-nos e cuidar-nos de forma amorosa.
Serenidade para desfazer-nos das cargas do passado que freiam a criação de nossos filhos e filhas, para cortar com padrões que ferem, para liberar-nos de conselhos desacertados e nocivos.
Serenidade para cultivar a paciência e o equilíbrio necessários para enfrentar a criação de nossos filhos e filhas desde uma nova perspectiva. Uma perspectiva em que abandonamos o adultocentrimo, as relações de poder, para nos tornarmos mães e pais amorosos, ternos, conscientes de nosso papel e das verdadeiras necessidades de nossas filhas e filhos.
Serenidade para cultivar a paciência e o equilíbrio necessários para enfrentar nosso crescimento pessoal, nossas vidas, desde uma nova perspectiva. Uma perspectiva em que vamos estabelecer uma relação com nós mesmos de respeito, ternura e carinho. Uma relação em que deixaremos de lado as máscaras de nosso passado, trabalharemos nossas feridas, passaremos a pensar em nós de forma amável e serena.
A vida seguirá sendo tanto para nossos filhos como para nós, imprevisível, cambiante, movida. Entretanto, se erguemos entre nós uma sólida relação baseada no amor incondicional, o respeito e a serenidade, todos enfrentaremos os vai-e-vem vitais com maior calma e equilíbrio.
* Texto de Elena Mayorga, licenciada em Letras e Filosofia. Autora de literatura infantil respeitosa.
Criação com Apego
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