“Bato em você por seu bem.” “Não grite porque VOCÊ ME PROVOCOU.” “Não me diga que não, faça o que eu digo.” “Bato em você porque te amo.” “Bato/grito/xingo porque você me da raiva.”

Essas frases soam assustadoras entre um casal. Mas, quando são contra uma criança, parecem “normais” e, inclusive, adequadas.

Os pais são os primeiros referentes do amor para seus filhos. Se interagem com agressões, se os responsabilizam de suas próprias emoções com frases do tipo “porque você me da raiva”, se batem neles, se os insultam, se grigam com eles, JUSTAMENTE SERÁ ASSIM QUE ESSAS CRIANÇAS ASSOCIARÃO AO AMOR.”

Portanto, é muito PROVÁVEL que busquem companheiros(as) não respeitosos(as), agressivos(as) e, inclusive, violentos(as). Com os mesmos modos com os quais seus pais e cuidadores se relacionavam com eles em sua infância e adolescência.

A violência doméstica não é um fenômeno ao acaso. Não é que “justo teve a má sorte” de encontrar um companheiro mau-tratador, mas sim que são as feridas da infância manifestando-se. É o menino ferido, insultado, ignorado e humilhado; gritando e evidenciando as feridas da educação que recebeu.

Vítima e vitimador foram crianças feridas profundamente, que não conhecem formas respeitosas para se relacionar porque não as receberam.

Infelizmente, esta é uma realidade crua, dolorosa e muito forte de aceitar. Mas, enquanto sigamos lutando contra a violência de gênero, os feminicídios, a violência doméstica, de maneira superficial, sem ir à origem, sem ter em conta que primeiro se gestou em um lar onde esses meninos foram mau-tratados, seguirá existindo.

Por isso, a criação respeitosa não é uma opção mais para criar. É uma responsabilidade social, são direitos legítimos da infância ao bom trato. Porque não, cada quem não pode criar como queira.

Cada vez que agredimos, estamos semeando, em nossos filhos, a semente que em uns anos florecerá e se manifestará de formas diferentes: violência de gênero, violência doméstica (sendo vitimador ou sendo vítima) e todos os outros tipos de violência e agressões, seja contra os demais ou contra si mesmos.

* Texto de Valery Flórez, psicóloga @iParentyy. Ilustração de Paula Sifora.

Criação com Apego

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