Recorro a uma citação de Alfie Khon sobre prêmios e castigos para que compreendamos a inutilidade de recompensas e punições para a educação de nossas crianças, observando o seu resultado.

As descobertas mais inquietantes apontam que recompensas e punições, no melhor dos casos, são inúteis e, no pior deles, destrutivas, quando se trata de ajudar crianças a desenvolver valores e habilidades. O que os prêmios e castigos produzem é uma imediata submissão. Essas ações nos proporcionam obediência. Se isso é o que pretendemos quando dizemos que “funcionam”, então sim, funcionam. Mas, se estamos preocupados pela classe de pessoas em que se transformarão nossos filhos, não se pode encurtar o caminho. Os valores positivos devem ser forjados desde o interior. Os elogios, os privilégios e os castigos podem mudar o comportamento durante um instante, mas não transformam a pessoa ou, ao menos, não da forma que desejamos. Nenhum tipo de manipulação do comportamento ajudou uma criança a desenvolver o compromisso de se tornar uma responsável e cuidadosa. Os prêmios fazem com que a criança deixe de ser certa coisa quando deixamos de recompensa-la por isso.

Então, o que podemos conseguir com excessos de prêmios e castigos:

  1. Mostrar a nossos filhos que a violência e a intimidação são caminhos para conseguir o poder, o controle, o respeito e a maturidade.
  2. Produzir sentimentos de ira e ressentimento.
  3. Fazer com que a criança se sinta culpada e desvalorizada, minando sua autoestima.
  4. Impedir que a criança possa amadurecer e aceitar suas responsabilidades.
  5. Matar a espontaneidade, o humor, a boa vontade e a alegria da infância.

Com tudo isso não se pretende fazer um julgamento direto e negativo daqueles pais que consideram relevantes os prêmios e os castigos, mas sim convidar a todos para um debate mais consistente sobre se de fato tais ações são imprescindíveis na hora de educar nossos filhos.

Como afirmou Alfie Khon, talvez o sejam a curto prazo. E, de fato, muitas vezes nos preocupamos com o curto prazo, com ter a criança em silêncio naquele momento. No entanto, como esta não é convidada a refletir sobre seu comportamento equivocado, voltará a repetir o erro e apenas compreenderá que a solução para o que faz é a violência.

Se queremos criar uma cultura de paz, é preciso que pensemos sempre a longo prazo. Dá trabalho, sim! É difícil? Sim, ninguém falou que fosse fácil. Mas, certamente, no futuro, a geração de nossos filhos poderão agradecer muito.

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