Sou o pai de Laura. Quando minha mulher ficou grávida vivemos uma explosão de alegria. Talvez porque esperamos tanto por esse momento. Para os que leem nosso blog, sabem que passamos por dois abortos prévios. Sabia que queria ser pai, mas não queria só o título. Decidi abraçar a paternidade ativa. Queria viver o amor incondicional pela minha filha, mas também ser um bom pai, presente em sua vida e dedicar-lhe o tempo necessário para o seu desenvolvimento.

No meu entorno, vejo que a maioria dos pais não compartilham a criação de seus filhos. Em nossas famílias sempre dizem que sou um bom pai porque troco fraldas, coloco Laura para dormir, dou de comer e brinco muito com ela.

Na realidade, percebo que a paternidade ativa não é um bicho de sete cabeças. É uma vontade interior de ver minha filha crescer e não perder nenhum minuto de seu progresso. O problema é que, na nossa cultura, vivemos de poréns que busquem justificar o porque nós homens nos ausentamos dos cuidados de nossos filhos.

Por que nos ausentamos de nossas crianças?

. O estresse. Muitas vezes desculpamos a ausência no dia a dia de nossos filhos com o cansaço do trabalho ou dificuldades econômicas. Claro, as jornadas de trabalho são cada vez mais longas. Muitas vezes o que queremos é chegar a casa, tomar um bom banho, sentar no sofá e ver a televisão até a hora de dormir. Eu termino o trabalho às 19h e o que faço é cuidar de minha filha. Ela se torna o meu melhor programa de televisão e eu o seu melhor sofá. É meu momento de desestressar, pois brincamos juntos e rio muito. Os problemas do trabalho ficam a um lado.

. O machismo. Acreditar que o cuidado dos filhos é tarefa das mulheres e que nosso papel de pai é ser ajudante, é algo que nos inculcaram mas que considero completamente errôneo. Como pai eu tenho um papel fundamental na criação de meu filho. Não quero ser a figura do pai autoritário, tão comum em nossa cultura. Aquele que grita e castiga o filho e por impor-se com uma voz mais grossa consegue do filho o que quer. Claro, isso sempre à base do medo. Ao contrário, ao ser corresponsável pela criação de nossa filha, estou convencido de que posso estabelecer com ela uma relação de respeito mútuo, um vínculo afetivo que lhe permita ter comigo uma relação de confiança.

. Acreditar que sua presença como pai não é tão importante ou que é substituível. Essa é uma crença que considero totalmente equivocada. Vejo que muitos deixam que a avó substitua sua figura de pai. Devemos ter em conta que, em uma família estruturada, cada um tem o seu papel bem estabelecido e deve exercê-lo em sua plenitude. Logo, mãe é mãe, pai é pai e avó é avó. Os avós estão para ser nosso apoio, para o momento que necessitamos e que estejam disponíveis para atender-nos. Não podem ocupar o papel de pai ou de mãe na criação da criança.

. Não estar atento às necessidades da criança. Como pais devemos guiar nossos filhos para que aprendam a reconhecer suas emoções. Se não somos capazes de conectar com eles através do que sentem, não podemos atender adequadamente suas necessidades.

Viva a paternidade ativa

Eu os animo a viver a paternidade ativa. É cansativo, mas o prazer de ver o desenvolvimento de nossa filha é único. Sem dúvidas é a melhor experiência da minha vida.

Não acredito que exista o termo mau ou bom pai, quando cada qual tenta dar o seu melhor por seus filhos. Como mencionei acima, acredito sim, que ser pai é viver o amor condicional, estar presente e dedicar tempo à criança. Quando ao menos um desses três falha, como pais devemos refletir e descobrir maneiras de melhorar para que possamos viver uma paternidade plena.

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