Vivemos uma cultura do culto ao corpo que tenta enquadrar as mulheres em um padrão x de magreza e de beleza. Lemos nos jornais como, ainda adolescentes, as meninas se submetem a cirurgias plásticas para corrigir imperfeições, reduzir volume dos seios, aumentar o volume do bumbum… Isso sem contar aquelas que sofrem algum transtorno alimentício (obesidade, anorexia, bulimia…).
Por que ainda tão nova, a menina já odeia seu corpo? De onde vem tudo isso?
Ainda que a moda estabeleça um padrão de magreza e beleza para as passarelas, estudos mostram que as maiores exigências estão em casa. Muitas meninas tem pai e mãe muito críticos com seus corpos, exigentes, autoritários e controladores. Vivem criticando os corpos de outras pessoas, ou venerando aquelas que são magras e bonitas.
Muitas mães (e também pais) se mostram inseguras com seus corpos. Constantemente criticam a si mesmas diante de suas filhas ou fazem dietas dizendo-se como se veem gordas e flácidas.
Mostramos às crianças que seu corpo não merece ser respeitado. A infância com caracterizada pelo mau-trato e desrespeito, em si revela como o corpo da criança é vulnerável. Não tenhamos dúvida de que o desrespeito com o corpo da criança reflete diretamente na sua autoestima e na sua segurança.
Um entorno exigente
Não apenas em casa a criança ou o adolescente se sente controlado. As críticas podem vir de muitos outras fontes que se relacionam a seu entorno:
- Meios de comunicação e publicidade que promovem a magreza e padrões de beleza.
- Publicidades que, contrariamente, bombardeiam as crianças com comida pouco ou nada saudável.
- Bullying escolar pelo físico da pessoa.
- Concursos de beleza.
- Bonecas com corpos que são estereotipados: seios grandes, olhos gigantes, cinturas finas….
- Atrativas contas de Youtube que ensinam crianças a se maquiar.
- Atrizes que, continuamente, em suas redes sociais mostram um apego exagerado à beleza, exibindo-se em fotos que destacam a magreza de seus corpos.
Não há dúvidas. A arma mais forte para combater esse tipo de transtorno em nossos filhos é trabalhar sua autoestima e segurança quando pequenos. Dar um ambiente seguro e respeitoso é imprescindível para que a criança possa crescer feliz com seu físico, independente de imperfeições que possa ter.
De fato, a sua autoestima definirá o modo como enfrenta muitos dos desafios da vida moderna. Se a menina não tem respeito pela sua própria imagem, possivelmente não poderá se valorizar como ser humano.
Que NÃO devemos fazer como pais?
- Não faça comentários sobre seu peso, tais como “você está gorda”, “parece uma vaca”, “não coma mais que está ficando gorda”. Isso diminui muito a autoestima da criança, a enche de insegurança e pode levá-la a tomar medidas extremas, especialmente na fase da adolescência.
- Não diga para comer coisas saudáveis para estar magra(o).
- Não faça comentários nem negativo nem positivos sobre o peso das demais pessoas diante dos seus filhos.
- Não faça comentários do tipo “como você está magra, está linda”, ainda que pareça um elogio, pode fazer com que se sinta amada e reconhecida apenas porque está magra.
- Não leve um estilo de criação autoritária, exigente e controladora.
- Não use prêmios nem castigos. A maioria das pessoas que padecem transtornos alimentícios se premiam quando não comem e se autocastigam quando comem. Não devemos fomentar este método.
Então, o que fazer como pais?
- Dê exemplo de comida saudável a seus filhos.
- Cultive o amor próprio de seus filhos, fazendo-lhes sentir-se amados.
- Demonstre que seu amor é incondicional, embora façam coisas com as que não esteja de acordo. Esta é a base da autoestima: sentir-se amado pelo que sou não pelo que faço nem pelo que tenho.
- Pratica uma criação amorosa, empática e respeitosa. Quando você mostra respeito pelo seu filha, estamos ensinando-lhe que se respeite a si mesmo, incluindo seu corpo, e os demais.
- Envolva a menina na preparação da comida saudável.
- Ensine-lhe que o corpo perfeito não existe, que cada corpo é precioso sem importar sua forma, tamanho ou cor.
- Faça-lhe ver que a beleza não tem que ver com o físico, mas sim com ser amáveis, respeitosos e empáticos.