Você está no parque. Seu filho toma o brinquedo do coleguinha. Você até tenta interferir, explicar-lhe que deve dividir o brinquedo com os demais. Sabe aquele pequeno sermão: “Filho, é importante dividir, senão amanhã o coleguinha não vai querer te emprestar nada”. Mas será que devo ensinar eu filho a dividir? Devo obriga-lo para que aprenda de uma vez por todas ou há formas mais ternas de abordar o assunto?

Convido vocês a lerem a excelente reflexão da psicóloga Rosmary Sánchez Zavala, psicóloga e autora do perfil @psicomama

Então, preciso ensinar meu filho a dividir?

Comecemos por esclarecer um pouco o panorama. Normalmente esta é uma situação que gera pressão em muitos pais de crianças em idade pré-escolar e isso pode ter que ver com que os pais sentem que são avaliados ou julgados diante de ações que as crianças põe em marcha. Outra das razões é que nossas expectativas (ter um filho de 2 anos que compartilhe de maneira tranquila e aceite que outro não queira dividir sem se frustrar) pode supor uma petição quase impossível de se cumprir.

Nessas idades, as crianças se encontram em um processo de egocentrismo cognitivo. Não significa que são egoístas, mas sim que, para construir sua estrutura psíquica se percebem como o centro de tudo, ao mesmo tempo em que sentem que tudo lhes pertence (seus brinquedos, o parque, o brinquedo dos outros, etc…). Deste modo, elas sentem que, ao dividir, perdem algo de si e que, possivelmente, isso que perdem não voltará para eles. É por isso que obrigá-las a dividir (ainda que o façamos com o convite mais terno do mundo), longe de ajudá-las a ser, realmente, altruístas com o que outorgam, isso as coloca em uma relação em que, para que o outro esteja bem, eu preciso estar mal. E essa é uma metamensagem que passará sua fatura em idades mais avançadas.

Mas vamos ao centro da pergunta: ensino ou não meu filho a dividir?. Eu lhe responderia:

  • Seja exemplo sobre o dividir.
  • Valide quando deseja fazê-lo e quando não (ao mesmo tempo em que valida isso em outras pessoas.
  •  Fortaleça os processos cognitivos brandos (trabalhar por turnos, postergar a gratificação, comunicar o que desejo e o que não, dar alternativas, aceitar alternativas) que ajudarão no processo.

Conforme a idade da criança avança, os processos cognitivos amadurecem, entre eles a permeabilidade e a sensação de segurança que não interfira na territorialidade, o dividir surge como um módulo novo aberto e pronto para preparar outros terrenos emocionais, como a empatia, o agradecimento, a colaboração e outras postas em cena de valores que esperamos que a criança maneje. 

Isso da resultado? Se somos acompanhantes efetivos, notaremos que, entre os 4 e 5 anos, os processos para dividir de maneira gratuita, em que a criança não se nega a si mesmo para o outro, começam a aparecer, primeiro nas figuras de apego e, progressivamente, nos demais. De modo que, “dividir” deixará de ser um ato de obrigação e começará a ser uma ação de validação pessoal e do outro. Se sua criança tem mais de 6 anos e ainda tem dificuldades de dividir, talvez, existam processos que valha a pena revisar das experiências prévias frente a essas demandas. Ou se, por outro lado, você nota que seu filho retira de si mesmo par dar tudo aos demais, conviria olhar com profundidade que processos de gestão dessa experiência ficaram sem trabalhar em idades prévias.

Disciplina Positiva

Através da Disciplina Positiva aprendemos a centrar-nos em potenciar habilidades em nossos filhos para que possam ser capazes de solucionar problemas por eles mesmos. Também reconhecemos que castigos físicos e psicológicos não são recursos que favoreçam a criar crianças com autonomia, responsáveis e independentes. Saiba mais:

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